quarta-feira, 28 de maio de 2014

Alimentando com amor... Ou “não crio sobreviventes”

E cá estou eu, refletindo nos meus devaneios maternos, e o assunto da vez, “de novo” é ALIMENTAÇÃO.

É impressionante, como tudo nesse universo paralelo chamado maternidade é surreal, como cada assunto, por mais simples que pareça ser, é motivo para controvérsias, discussões e debates. Fico chocada como tudo, absolutamente tudo, para algumas mães é motivo para se sentir ofendida, ou para ofender a outra.

É claro que todo tipo de criação deve ser respeita, inerentemente, mesmo que não se concorde com ela ou que ela pareça duvidosa, desde que se mantenha os limites de bom senso, e de cuidados básicos. A maternagem é uma coisa muito particular, embora nem todas as mães a façam conscientemente, baseando-se em toda informação pertinente necessária e adequada para desenvolver um maternar consciente e ativo. Mas, cabe a cada um, saber o que lhe é conveniente, o que lhe é de interesse e de que forma prefere agir. E de forma alguma cabe ao outro julgar esse comportamento. E isso, é incontestável. Certo?


Mas como tudo nesse universo é discutível e, todo mundo acha que tem mesmo é que debater a respeito, pitacar, dar palpites e se intrometer na vida alheia e na criação do filho alheio, eis que vivo me deparando com situações complicadíssimas no que diz respeito à alimentação que ofereço para Manuela. As pessoas num geral não compreendem, não concordam, não aceitam, algumas se sentem ofendidas com o meu modo de maternar. Isso porque optei em fazer o máximo possível (e às vezes até impossível, porque haja paciência pra explicar pra todo mundo que ela não toma refrigerante e não come doces) para manter uma alimentação saudável, livre de produtos industrializados, frituras, gorduras,  de excesso de açúcar, sal, corantes e conservantes e seus “parentes próximos”.

Lá em casa, não entram “petit-suisses” (vulgo Danoninho), chocolates, doces, confetes, salgadinhos, refrigerantes e afins. Bolachas recheadas tem acesso restrito, bolachas de qualquer gênero (leite, maisena, biscoito maria, biscoito de polvilho e afins) são limitados, bem como sucos de caixinha, e bolinhos industrializados. A alimentação da Manuela costuma ter pouco sal, pouquíssimo ou nenhum açúcar, e de preferência zero, corantes e conservantes. 

Isso porque, após ler muito a respeito, estudar, pesquisar, e formar a minha opinião, eu cheguei à conclusão de que oferecer uma alimentação saudável, livre de todas as “porcarias modernas e saborosas” seria o melhor caminho para que a minha filha crescesse saudável, e se tornasse uma adulta com saúde e com um paladar rico, adaptado ao sabor das coisas realmente boas da vida (legumes, verduras e frutas, muitas frutas).

Daí certamente à essas alturas você deve estar dizendo: "Essa mulher é maluca ou mentirosa." Eu compreendo, parece mentira, mas não é! Parece loucura, mas não é. Não vou dizer que Manuela nunca tenha provado, mesmo porque, já ofereceram pra ela enquanto eu não estava por perto, e eu já me peguei em situações onde recusar um pirulito seria a maior falta de educação. Mas, o pirulito foi pro lixo assim que o individuo saiu de cena, por sorte ela não curtiu o gosto do "treco". Esquece pirulitos, balas e doces, aliás Manuela nem gosta, e nem pede. Na páscoa, fomos ao mercado e em meio a todos aqueles ovos de páscoa, ela viu a banana no fundo do corredor, e pediu. (Ai que orgulho! rs).

Eu realmente não pretendo oferecer nada dessas coisas pra Manuela por enquanto, mesmo ela estando com quase dois anos de idade, o que de fato não a torna nenhum “adulto“ responsável, com o sistema digestivo completamente maduro e muito menos a faz precisar de alimentos riscos em gorduras, açúcar e coisas do tipo (aliás, isso não é bom pra ninguém, nem mesmo para adultos). Uma vez que, como ela nunca comeu, ou raramente come, não há motivo algum para que eu lhe apresente esses alimentos agora. Eu sei o que vão dizer: “Mas ela já tem dois anos, deixa a menina ser feliz. Você não vai conseguir proibir que ela coma isso o resto da vida.” De fato, não vou conseguir proibir o resto da minha vida, e nem é essa a intensão.

Primeiro porque, o resto da vida é muito, muito tempo, segundo porque o intuito não é a proibição, não pretendo vetar que ela consuma esse tipo de alimento eternamente, a questão aqui é "limitar", e terceiro porque a felicidade de uma criança não está e nem deve estar ligada ao que ela come. Criança feliz é a criança amada, bem cuidada, que brinca e tem liberdade para ser um ser individual e é respeitada em suas particularidades, mas esse é um assunto para outro departamento, e que sugere um post específico.

Resumindo, uma criança não pode ser considerada feliz só porque come chocolate, batata frita e toma refrigerante ou leite com achocolatado antes dos dois anos (ou depois dessa idade). Definitivamente, “deixar que uma criança seja feliz” não me sugere que para que isso aconteça, é necessário oferecer à ela qualquer tipo de alimento “porcaria”, sem valor nutritivo e sem qualquer tipo de vitamina. Deixar uma criança ser feliz na minha humilde opinião, é mostrar à ela que é amada, deixar que ela brinque na terra, com o cachorro, que corra livre pelo quintal, que perceba que ela é respeitada e amada do modo que ela é, e também dar à ela limites, mostrar que a vida oferece desafios e que ela é capaz de superá-los, e que a mãe e pai estão ali sempre para ajuda-la, até que finalmente ela possa vencê-los sozinha.

Para esclarecer como foi que eu cheguei a esse nível de “chatice” com relação à alimentação da minha “cria”, eu vou citar resumidamente em tópicos abaixo alguns dos meus "porquês" com exemplos de alguns tipos de alimentos:

  •  Danoninho (queijinho petit-suisse):

Esse alimento não é indicado para crianças menores de 4 anos, e essa é uma recomendação dos próprios fabricantes. Além disso, embora ele possa ser fonte de algum tipo de vitamina e minerais, a quantidade que realmente existe nele, é bem inferior ao que diz na embalagem.

Ingredientes: Leite desnatado, xarope de açúcar, preparado de morango (água, frutose, polpa de morango, cálcio, fósforo, açúcar, amido modificado, zinco, vitamina E, ferro, maltodextrina, vitamina D, acidulante ácido cítrico, espessantes goma xantana, carboximetilcelulose e goma carragena, aromatizante, conservador sorbato de potássio e corante natural carmim cochonilha), creme, cálcio, cloreto de cálcio, fermento lácteo, quimosina, estabilizantes goma guar, carboximetilcelulose, goma carregena e goma xantana. CONTÉM GLÚTEN. PODE CONTER TRAÇOS DE CASTANHA DE CAJU.

É acidulante, estabilizante e corante de sobra, para um valor nutritivo tão baixo. Num geral, esses queijinhos disfarçados de iogurte não oferecem nada de bom para crianças, além de muito açúcar, corante e gordura. Petit-suisse não é sobremesa, é guloseima, e os próprios fabricantes não indicam para crianças menores de 4 ANOS!

  • Refrigerantes

Além do excesso de açúcar, conservantes e corantes, os refrigerantes não trazem em suas fórmulas qualquer tipo de valor nutricional. Ao contrário disso, refrigerantes são causadores de inúmeras doenças, e aumentam as chances de ataques cardíacos e doenças cardiovasculares, e contribuem para o aparecimento de osteoporose. Por conter uma grande quantidade de açúcar, o refrigerante engorda, mas mesmo que a pessoa não ganhe peso, o refrigerante açucarado pode ser prejudicial para a saúde cardiovascular - especialmente para as mulheres. As mulheres que ingerem bebidas adoçadas com açúcar são mais propensas a desenvolver níveis elevados de triglicérides - gordura no sangue. Pesquisadores descobriram que as mulheres que consumiam pelo menos duas porções de refrigerante por semana, eram quatro vezes mais suscetíveis a ter altos níveis de triglicérides. Esta gordura passa a envolver os órgãos. como o fígado, o que pode contribuir para risco elevado de doença coronariana cardíaca, diabetes tipo 2 e acidente vascular cerebral.


A bebida é saborosa, e isso é indiscutível, mas com tantos “contras”, pra que apresentar uma porcaria desse tipo para uma criança tão pequena?

  • Sucos de caixinhas:

Embora o nome comum para esse tipo de bebida seja “suco”, de suco mesmo, eles não tem nada. O suco, normalmente é feito somente de fruta, e em alguns casos também de um pouco água, e nada mais, o suco não pode conter nenhum tipo de “substância estranha”. Essas bebidas engarrafadas que compramos nos supermercados, são “néctar”, uma pequena porcentagem da polpa da fruta, acrescida de água, muito açúcar, corantes, conservantes, acidulantes, estabilizantes e alguns “antes” a mais. Numa pesquisa realizada pela Idec (Instituto Brasileiro de Defesa do consumidor), foi constatado que na maioria dos sucos testados, a quantidade de fruta é bem menor do que o exigido pela legislação. Segundo a norma do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento atualmente em vigor, o percentual mínimo de fruta varia de 10% a 40%, dependendo do sabor do néctar.

“Por incrível que pareça, a legislação brasileira não obriga os fabricantes a declararem o teor de açúcar na tabela nutricional. Também não há um parâmetro nacional para avaliação do teor deste ingrediente, então, o Idec usou como base um semáforo nutricional que é utilizado no Reino Unido.
Neste teste, os produtos são classificados nas cores vermelho, amarelo e verde. Os que são classificados como vermelho, caso do Activia e do Dell Vale, por exemplo, tem mais de 12,5 gramas para cada 100 ml. A maior parte das amostras analisadas (67%) receberam a cor amarela, ou seja, tem entre 5,1 e 12,4 gramas para 100 ml.” Fonte: http://maternar.blogfolha.uol.com.br/2014/02/14/cuidado-com-o-suco-de-caixinha-que-da-para-o-seu-filho/

Quando nossos filhos estão bebendo esses sucos, eles estão ingerindo muito açúcar e corantes e pouca fruta. “Os pais precisam saber que são bebidas açucaradas e que, assim como os refrigerantes, não podem ser consumidas sem restrição”, explica a nutricionista do Idec, Ana Paula Bortoletto.

  • Açúcar e doces:

Todo mundo está cansado de saber que, açúcar demais faz mal! Ponto. Estraga os dentes, pode causar diabetes, doenças cardiovasculares, e obesidade. Açúcar demais não é bom! Comer açúcar é desnecessário para a saúde, independentemente da idade. E crianças menores de dois anos não precisam de açúcar. 

Por quê?
Porque açúcar pode viciar o paladar e não contribui para nenhum benefício na saúde de ninguém, não tem valor nutritivo e nem vitaminas suficientes que valham seu consumo desenfreado. Doce é bom? É claro que é, mas precisa de regras e muitas limitações. Uma vez que o paladar da criança é formado até os dois anos de idade, oferecer a ela uma alimentação rica em açúcar pode prejudicar todo o processo de uma alimentação adequada e saudável no decorrer de sua vida.


Pediatras da Escola de Medicina da Universidade de Yale concluíram uma investigação que comprovou antiga suspeita: a ingestão excessiva de açúcar pode deixar as crianças pequenas irritadas e dispersivas. É que o doce, além de provocar maior concentração de insulina no sangue, também aumenta a quantidade de adrenalina; e esse hormônio, em excesso, pode provocar ansiedade, excitação e dificuldade de concentração.

Os açúcares fazem falta na alimentação, mas fazem parte da dieta habitual e são encontrados, por exemplo, no leite (lactose), nas frutas (frutose e sacarose). Pelo processo digestivo são desdobrados em açúcares mais simples. Por exemplo, a lactose é desdobrada em glicose + galactose e a sacarose em glicose + frutose. O amido das farinhas de cereais e dos tubérculos (como a batata) e raízes (como a mandioca) também são desdobrados no intestino em moléculas de glicose. O amido, na verdade, é uma longa cadeia de moléculas de açúcar (de glicose, para ser exato).

Em outras palavras: ninguém pode viver sem açúcar, que é uma fonte de energia, mas a dieta normal tem açúcares naturais em abundância, o suficiente para cobrir nossas necessidades. Esses açúcares não nos fazem mal nem provocam cáries, porque suas moléculas são grandes.

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Há vários outros tipos de alimentos que não ofereço para Manuela, que eu poderia listar, mas a lista ficaria extensa demais (rs). É muito importante ressaltar que, a introdução alimentar só deve acontecer a partir dos 6º mês de vida do bebê, antes disso, ele deve ser alimentado exclusivamente com leite materno. Nada de bolachinhas, doces, suquinhos ou chás, nem mesmo água é necessário para bebês que são amamentados ao peito, exceto por recomendação médica.

A introdução da alimentação sólida deve ser iniciada de modo gradativo e natural, com alimentos frescos, sem açúcar e sem sal. Isso porque é muito importante que o bebê conheça a textura e sabor dos alimentos, para que possa desenvolver uma boa relação com a sua alimentação. Oferecer alimentos industrializados, bolachas, salgadinhos, doces, refrigerantes e afins, não contribuem para a iniciação de um hábito alimentar adequado, não faz ninguém mais feliz, e nem é sinônimo de ser uma “mãe legal”. Mãe legal é aquela que gasta uns minutos na cozinha cozinhado para seu filho, sabendo que ali naquela sopinha de legumes, ele encontrará muitos nutrientes e também muito amor de mãe!

#ficaadica

Fontes:
http://tudosobremae.com.br/bebes-e-criancas/saude/
http://www.asdeliciasdodudu.com.br/2012/06/tudo-que-voce-queria-saber-ou-nao-sobre.html



Um comentário:

  1. Tatiana Prota Salomão28 de maio de 2014 às 22:47

    concordo totalmente!!! isso é amor verdadeiro e consciente!!!

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