domingo, 15 de fevereiro de 2015

Dos mitos do pato normal - A morte de bebês após 40 semanas...

Imagem retirada do Google
Das muitas discussões maternas que eu vejo, há uma que causa comoção, que põe dúvida, que dá medo, que propõe insegurança. Trata-se do tempo que dura uma gestação humana.

Cientificamente falando, uma gestação humana dura em média 38 à 42 semanas, sendo que estima-se como data prevista ou aproximada para o parto 40 semanas completas.

É muito importante saber que, essa data estimada não é data limite para o parto acontecer, e também não sugere que ao passar desta data o bebê corre risco de vida. Isso é um mito, facilmente derrubado com pesquisas sobre partos que acontecem com mais de 40 semanas.

A verdade sobre isso é que, a partir do momento em que uma gestação atinge a data aproximada do parto é de extreme importância que essa gestação seja monitorada de perto, para que possíveis complicações possam ser diagnosticadas precocemente, e em caso de necessidade de intervenção haja tempo hábil para que ela aconteça podendo garantir a saúde de mãe e bebê.

Muito se associa à morte de fetos ainda na barriga da mãe à idade gestacional avançada, ou acima das 40 semanas. Mas isso é outro equívoco da nossa cultura. 

É verdade que bebês morrem intra parto, morrem dentro do útero sem que a mãe tenha entrado em trabalho de parto, também há bebês que morrem após nascer, que nascem mortos. Isso não é tão comum, mas acontece. Infelizmente acontece. É triste, mas é real. 
Porque eles morrem? Essa é a pergunta a ser feita. Dentre as muitas vertentes para essa resposta, há inúmeros fatores que contribuem para a morte fetal, ou neonatal, ou perinatal, ou como queiram chamar. Consideramos essas mortes àquelas como: “natimorto” (nascido morto), morte intra parto (morreu durante o trabalho de parto), morte fetal (morreu fora de trabalho de parto em idade gestacional acima das 22 semanas) e morte neonatal (até 7 dias pós nascimento). 
Das possíveis causas não se incluem: 
Fisiologia humana. Não é defeito do corpo. Outro fator patológico implicou no desfecho não favorável. A mulher não é a culpada disso. Nem o corpo, nem o parto normal. Algum fator implicou nesse desfecho. Num geral a má assistência seria possivelmente o fator determinante. 
Parto normal. O parto NÃO é o responsável pelo desfecho ruim de um trabalho de parto. A má assistência a esse parto sim. O parto em si definitivamente não! Uma boa assistência obstétrica deve determinar a necessidade de intervenções para contribuir com o trabalho de parto. Lembrando que isso não deve caracterizar a indicação de intervenções protocolares sem necessidade real. 
Idade gestacional avançada (acima de 40 semanas). Há uma margem segura para partos de até 42 semanas, sendo que, acima de 39 semanas há uma necessidade de acompanhamento em períodos mais curtos. Idade gestacional não é o problema aqui. Novamente o problema seria a má assistência. Uma gestação bem acompanhada, e bem monitorada, mesmo que avance para as 42 semanas, tem amparo para caso haja qualquer problema, uma intervenção seja bem indicada. 
Circular de cordão. Definitivamente NÃO caracteriza diagnósticos de enforcamento fetal, uma vez que bebês não respiram pelas vias áreas dentro do útero materno. Também não refletem resultados ruins em partos e desfechos não favoráveis. Circular de cordão não é diagnóstico de morte fetal, seja intra parto ou não. O diagnóstico implica em sofrimento fetal, que não está relacionada à circular de cordão.  
Dos muitos motivos possíveis encontram-se: 
Hipertensão arterial materna, sendo esta uma das causas mais comuns. Podendo assim dizer que, as mortes fetais intrauterinas, tem correlação com a velha má assistência obstétrica brasileira. Gestações bem assistidas, mesmo de gestante com hipertensão crônica, não é via de regra para mortalidade neonatal e materna. Sendo esta a situação mais prevalente no Brasil, resultante de sofrimento fetal crônico. Ao fim o diagnóstico de morte não é resultante apenas da hipertensão, mas do sofrimento fetal. 
Imagem retirada do Google
Infecções (possivelmente não diagnosticadas a tempo). Das bacterianas, a Sífilis se destacou sendo a responsável por 12,6% das mortes fetais segundo um estudo realizado em Ribeirão Preto. O que remete à nossa assistência obstétrica de pré-natal. Sendo que essas mortes poderiam facilmente ser evitadas com um bom acompanhamento de pré-natal. De novo a causa é a má assistência.
Insuficiência placentária e retardo do crescimento intrauterino, sofrimento fetal agudo por descolamento prematuro de placenta. (Não tem ligação com circular de cordão ou passar da hora. Bebês não passam da hora em gestações e partos bem assistidos). 
Disfunções de tiroides e diabetes podem ser fatores determinantes na morte fetal. 
Citando apenas algumas das possíveis causas de mortes fetais intrauterinas, intra parto, natimorto e morte neonatal, não é possível identificar causas relacionadas à circular de cordão, partos de fetos com apresentação pélvica, idade gestacional avançada, ou bebê “passado”. Não foi identificado correlação com os desfechos não favoráveis de nascimento ao trabalho de parto de mulheres saudáveis com gestações saudáveis. A causa deriva dá má assistência, resultando em sofrimento fetal agudo pela ausência de intervenção imediata quando necessária. Trabalhos de partos podem acabar em cirurgias de extração fetal (cesariana) em uma pequena porcentagem dos casos. E essa porcentagem está inclusa nos 15% de nascimentos por via cirúrgica recomendados pela Organização Mundial da Saúde. 
É necessário conhecer as diversas causas de possíveis desfechos não favoráveis em nascimentos antes de sair disseminando e fortalecendo mitos que desvalorizam e enfraquecem o processo fisiológico do nascimento humano. Há casos de mortes fetais ainda antes das 40 semanas (Leia aqui Relato de morte fetal às 39 semanas), provando que essa é uma situação que independe de idade gestacional avançada, e que suas causas são relativamente difíceis de determinar.
Um fator de grande risco para desfechos perinatais não favoráveis, é a DESINFORMAÇÃO. 
Portanto, INFORME-SE! 
A porta de entrada de informação é a única que só se pode abrir pelo lado de dentro.
“Para mudar o mundo, primeiro é preciso mudar a forma de nascer”. Michel Odent.
Fonte de pesquisa:
http://guiadobebe.uol.com.br/gravidez-prolongada-o-que-dizem-as-evidencias-atuais/