domingo, 15 de fevereiro de 2015

Dos mitos do pato normal - A morte de bebês após 40 semanas...

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Das muitas discussões maternas que eu vejo, há uma que causa comoção, que põe dúvida, que dá medo, que propõe insegurança. Trata-se do tempo que dura uma gestação humana.

Cientificamente falando, uma gestação humana dura em média 38 à 42 semanas, sendo que estima-se como data prevista ou aproximada para o parto 40 semanas completas.

É muito importante saber que, essa data estimada não é data limite para o parto acontecer, e também não sugere que ao passar desta data o bebê corre risco de vida. Isso é um mito, facilmente derrubado com pesquisas sobre partos que acontecem com mais de 40 semanas.

A verdade sobre isso é que, a partir do momento em que uma gestação atinge a data aproximada do parto é de extreme importância que essa gestação seja monitorada de perto, para que possíveis complicações possam ser diagnosticadas precocemente, e em caso de necessidade de intervenção haja tempo hábil para que ela aconteça podendo garantir a saúde de mãe e bebê.

Muito se associa à morte de fetos ainda na barriga da mãe à idade gestacional avançada, ou acima das 40 semanas. Mas isso é outro equívoco da nossa cultura. 

É verdade que bebês morrem intra parto, morrem dentro do útero sem que a mãe tenha entrado em trabalho de parto, também há bebês que morrem após nascer, que nascem mortos. Isso não é tão comum, mas acontece. Infelizmente acontece. É triste, mas é real. 
Porque eles morrem? Essa é a pergunta a ser feita. Dentre as muitas vertentes para essa resposta, há inúmeros fatores que contribuem para a morte fetal, ou neonatal, ou perinatal, ou como queiram chamar. Consideramos essas mortes àquelas como: “natimorto” (nascido morto), morte intra parto (morreu durante o trabalho de parto), morte fetal (morreu fora de trabalho de parto em idade gestacional acima das 22 semanas) e morte neonatal (até 7 dias pós nascimento). 
Das possíveis causas não se incluem: 
Fisiologia humana. Não é defeito do corpo. Outro fator patológico implicou no desfecho não favorável. A mulher não é a culpada disso. Nem o corpo, nem o parto normal. Algum fator implicou nesse desfecho. Num geral a má assistência seria possivelmente o fator determinante. 
Parto normal. O parto NÃO é o responsável pelo desfecho ruim de um trabalho de parto. A má assistência a esse parto sim. O parto em si definitivamente não! Uma boa assistência obstétrica deve determinar a necessidade de intervenções para contribuir com o trabalho de parto. Lembrando que isso não deve caracterizar a indicação de intervenções protocolares sem necessidade real. 
Idade gestacional avançada (acima de 40 semanas). Há uma margem segura para partos de até 42 semanas, sendo que, acima de 39 semanas há uma necessidade de acompanhamento em períodos mais curtos. Idade gestacional não é o problema aqui. Novamente o problema seria a má assistência. Uma gestação bem acompanhada, e bem monitorada, mesmo que avance para as 42 semanas, tem amparo para caso haja qualquer problema, uma intervenção seja bem indicada. 
Circular de cordão. Definitivamente NÃO caracteriza diagnósticos de enforcamento fetal, uma vez que bebês não respiram pelas vias áreas dentro do útero materno. Também não refletem resultados ruins em partos e desfechos não favoráveis. Circular de cordão não é diagnóstico de morte fetal, seja intra parto ou não. O diagnóstico implica em sofrimento fetal, que não está relacionada à circular de cordão.  
Dos muitos motivos possíveis encontram-se: 
Hipertensão arterial materna, sendo esta uma das causas mais comuns. Podendo assim dizer que, as mortes fetais intrauterinas, tem correlação com a velha má assistência obstétrica brasileira. Gestações bem assistidas, mesmo de gestante com hipertensão crônica, não é via de regra para mortalidade neonatal e materna. Sendo esta a situação mais prevalente no Brasil, resultante de sofrimento fetal crônico. Ao fim o diagnóstico de morte não é resultante apenas da hipertensão, mas do sofrimento fetal. 
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Infecções (possivelmente não diagnosticadas a tempo). Das bacterianas, a Sífilis se destacou sendo a responsável por 12,6% das mortes fetais segundo um estudo realizado em Ribeirão Preto. O que remete à nossa assistência obstétrica de pré-natal. Sendo que essas mortes poderiam facilmente ser evitadas com um bom acompanhamento de pré-natal. De novo a causa é a má assistência.
Insuficiência placentária e retardo do crescimento intrauterino, sofrimento fetal agudo por descolamento prematuro de placenta. (Não tem ligação com circular de cordão ou passar da hora. Bebês não passam da hora em gestações e partos bem assistidos). 
Disfunções de tiroides e diabetes podem ser fatores determinantes na morte fetal. 
Citando apenas algumas das possíveis causas de mortes fetais intrauterinas, intra parto, natimorto e morte neonatal, não é possível identificar causas relacionadas à circular de cordão, partos de fetos com apresentação pélvica, idade gestacional avançada, ou bebê “passado”. Não foi identificado correlação com os desfechos não favoráveis de nascimento ao trabalho de parto de mulheres saudáveis com gestações saudáveis. A causa deriva dá má assistência, resultando em sofrimento fetal agudo pela ausência de intervenção imediata quando necessária. Trabalhos de partos podem acabar em cirurgias de extração fetal (cesariana) em uma pequena porcentagem dos casos. E essa porcentagem está inclusa nos 15% de nascimentos por via cirúrgica recomendados pela Organização Mundial da Saúde. 
É necessário conhecer as diversas causas de possíveis desfechos não favoráveis em nascimentos antes de sair disseminando e fortalecendo mitos que desvalorizam e enfraquecem o processo fisiológico do nascimento humano. Há casos de mortes fetais ainda antes das 40 semanas (Leia aqui Relato de morte fetal às 39 semanas), provando que essa é uma situação que independe de idade gestacional avançada, e que suas causas são relativamente difíceis de determinar.
Um fator de grande risco para desfechos perinatais não favoráveis, é a DESINFORMAÇÃO. 
Portanto, INFORME-SE! 
A porta de entrada de informação é a única que só se pode abrir pelo lado de dentro.
“Para mudar o mundo, primeiro é preciso mudar a forma de nascer”. Michel Odent.
Fonte de pesquisa:
http://guiadobebe.uol.com.br/gravidez-prolongada-o-que-dizem-as-evidencias-atuais/

segunda-feira, 26 de janeiro de 2015

Quando o doutor quis mudar a nossa vida... Mas não conseguiu...

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Médicos são formados para cuidar da saúde das pessoas, para tratar patologias, para indicar formas de curar doenças. Médicos estudam para conhecer as possíveis doenças do nosso corpo e a forma mais adequada de trata-las. Psicólogos são formados para ajudar a curar traumas, depressões, síndromes. Psicólogos ajudam a nos portar em situações que não sabemos como agir, conduzem uma terapia de alguém que os procura com problemas emocionais e psicológicos. Esses profissionais não estão capacitados para nos dizer como devemos criar os nossos filhos. O que eles sabem a respeito da particularidade de cada família, de cada criança? Eles possuem conhecimento vasto sobre doenças, sobre patologias, sobre distúrbios. Sobre criar uma criança, e educa-la, eles só sabem bem se for com o filho deles.

Criar e educar um filho não se aprende em faculdade, ou em curso de doutorado. Aliás, muito longe disso! Para criar uma criança é preciso convívio com ela, é preciso se atentar a cada necessidade dessa criança, é preciso atender suas particularidades humanas, é preciso reconhecer suas características como individuo, é preciso respeitá-las, é preciso dedicação, esforço, empenho. Para educar filhos é necessária uma renúncia constante, um exercício intenso de paciência, de amadurecimento, de respeito ao próximo e as suas individualidades. Parar criar um filho é necessário muito mais do que conhecer as patologias clínicas possíveis e as bactérias e vírus que ameaçam a saúde da criança, aliás isso, quem tem que saber são os médicos mesmo, é para isso que eles existem, para cuidar da saúde, para ajudar na cura de doenças, para nos instruir quando a nossa saúde não vai bem. Para criar um filho, acima de tudo é necessário amor incondicional, e isso os pais costumam ter de sobra.
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A criação de um filho é única e exclusiva responsabilidade dos pais. São eles quem convive com a criança desde o instante de seu nascimento, são eles que estão atentos às suas necessidades o tempo todo, são eles quem garante o alimento físico e emocional do filho, e se não são os pais, é alguém muito próximo que está presente constantemente e sabe reconhecer com facilidade as necessidades dessa criança. Cria um filho não necessita de habilidades médicas em situações normais de crianças saudáveis, não são seus médicos pediatras ou psicólogo de seus pais estarão presentes na festinha da escola, ou durante um pesadelo a noite, são seus pais e seus cuidadores.

São os pais (ou cuidadores responsáveis), e apenas eles, quem poderá dizer o que é melhor para os seus filhos. A figura médica só deve entrar em cena quando a saúde da criança está debilitada. No mais, os pais são perfeitamente capazes de tomarem decisões pelos seus filhos, de como cria-los e educa-los. E se caso não se sentirem confiantes o suficiente, então sim, poderá buscar ajuda médica profissional para seguirem a caminhada e tomar as decisões mais acertadas seguindo orientação profissional, se assim se fizer necessário. Mas se essa busca voluntária por ajuda profissional não acontece, então o profissional não deve interferir de maneira especulativa na criação do filho do outro numa consulta simples de rotina. Simples assim...

E é por isso que eu não aceito palpite de “doutor” na criação da minha filha, como e onde ela deve dormir, quando eu devo tirá-la do meu peito, como eu devo corrigi-la, se eu devo deixa-la chorar para aprender a dormir sozinha ou não. Tudo isso não me parece assunto de cunho “médico”, e essas são decisões que só cabem a mim como mãe, e ao pai dela, como pai. Num geral, os palpites dos doutores a respeito da criação dos filhos dos outros não tem sequer um embasamento para respaldar, estudo que comprove o palpite. São palpites geralmente embasados no achismo particular de cada um. E isso não é respaldo para nada. Eu não acredito na medicina baseada em “vidência”, apenas na medicina baseada em EVIDÊNCIA, e não é o caso desses palpites superficiais dos doutores.

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Outro dia o pediatra da Manu me perguntou onde ela dormia, assim sem mais nem menos, no meio de uma consulta de rotina, e eu disse que dormia no meu quarto, e ele insistiu: “Na mesma cama?”, e eu respondi calmamente: “Sim! Na mesma cama! É confortável para nós!”. A conversa se iniciou sem que eu tivesse pedido, ele perguntou aleatoriamente, e tomou a liberdade, sem que eu tivesse dado abertura para qualquer tipo de orientação a respeito de onde deveria dormir a minha filha, e começou a me falar sobre os perigos de dormir na mesma cama, de como isso poderia afetar negativamente a saúde psicológica da minha filha que provavelmente se tornaria uma pessoa retraída e uma adulta insegura (por dormir comigo na mesma cama?! Oi??). Ele falava isso enquanto receitava mais uma vitaminazinha, que eu nunca dei (mas ele não sabe! Rs). Por alguns segundos eu hesitei se deveria responder, ou permanecer calada e ignorar a recomendação do doutor que nem psicólogo é, e que não estava sendo consultado à respeito. Mas, com o velho bom senso materno de dar ouvidos às recomendações profissionais quando parecem “plausíveis”, e com a boa e velha cara de alface, eu resolvi questioná-lo:

- Doutor, mas o senhor acha mesmo que é tão prejudicial assim dormir na mesma cama?

- Sim acho! Isso poderá refletir em problemas futuros, inclusive nos estudos dela. Ela não saberá fazer nada sozinha, nem mesmo uma prova na escola.

- Puxa doutor! Que coisa... E o senhor tem algum artigo que eu possa ler a respeito? Há algum estudo recente sobre isso? Alguma pesquisa que menciona os números e índices de crianças que desenvolvem problemas psicológicos ou que não conseguiram se desenvolver na escola porque dormiram com os pais? Será que os psicopatas dormiam com os pais na infância?! Nossa doutor! Estou preocupada.

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Ele parou de escrever no receituário, olhou para minha cara como se não acreditasse no que tinha ouvido, deu risada e respondeu que acreditava que não era pra tanto, que psicopatas bem provavelmente passaram por traumas maiores, e que não dormiam com os pais, depois gaguejou um pouco, e disse que iria verificar se havia algum estudo a respeito e me falaria na próxima consulta. Nunca mais tocou no assunto, nem se quer perguntou se eu tinha tirado Manu da nossa cama. Assim como quando ele me perguntou se eu ainda a amamentava quando ela tinha 11 meses, e eu disse que sim.

- Mas ela está bem fortinha já! Não precisa mais de peito não... Pode dar esse leite em pó aqui. (escreveu no receituário)

- Ué doutor, mas se ela tá fortinha com o leite do meu peito, porque eu vou trocar pra fórmula? Melhor continuar com ela fortinha né? O meu leite não é o melhor?

- Era melhor antes, agora ela não precisa mais do seu leite mãe! Pode desmamar. Daqui pra frente seu leite não é mais necessário.

- E precisa de leite de vaca desidratado e enriquecido artificialmente que tenta imitar o meu leite? Se o meu não é necessário o da vaca é?

O silêncio pairou, ele riu e entregou a receita pra mim se despedindo sem mais delongas. Rs... Eu saí de lá rindo, e continuei amamentando Manuela. Hoje com 2 anos e 7 meses ela segue mamando no peito. E somos felizes assim.

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Só para arrematar, quem sabe o que é melhor para a minha filha sou eu. O médico sabe o melhor remédio para quando ela adoecer, ele sabe medir e pesar e ver se ela está dentro da normalidade e com saúde, longe de mim duvidar da capacidade dele como profissional da saúde. Mas se é melhor pra ela dormir comigo ou não, se preciso tirar ela do peito ou não, isso quem decide sou eu, quem sabe sou eu, que sou a mãe dela, que gestei e carreguei durante 9 meses dentro do meu útero, que dei à luz após 9 horas em trabalho de parto, que convivo com ela diariamente e conheço cada reação dela, cada manha, cada mania, cada resmungo, que garanto à ela o atendimento às suas necessidades físicas e emocionais, que dou a ela o respeito e amor que ela precisa e merece, o afago e afeto que ela deseja e pede. Sou eu, que como mãe, me renuncio diariamente para viver por ela.
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O doutor? Aaaah, o doutor sabe medir e pesar muito bem, ele conhece bons remédios para aliviar os sintomas de uma gripe, e para curar uma inflamação de garganta, ele sabe diagnosticar problemas respiratórios e virais como eu jamais saberia. O doutor é um bom médico, nos conhecemos desde que eu era criança, ele também foi meu pediatra. Nós gostamos dele, para cuidar da nossa saúde... Mas da nossa vida, cuidamos nós mesmas.

segunda-feira, 17 de novembro de 2014

Desabafos Maternos... Cenas do próximo capítulo!

Esse texto foi publicado na minha página no facebook (Planeta Maternidade) há quase um anos atrás. 
E eu ainda posso sentir o nó na garganta que me deu ao escrevê-lo... posso sentir o sabor das lagrimas que rolavam pelo rosto, e chegavam aos cantos dos lábios...
Mais um desabafo materno, daqueles que só quem é mãe compreende!!!
Desabafo de uma sexta-feira
Hoje de manhã, como todos os dias de trabalho, eu senti o coração tranquilo e grato por ter um emprego e poder garantir uma qualidade de vida para minha filha, mas como sempre senti o coração pequenininho e apertado por ter que me ausentar por um longo período, e por isso acabar perdendo boa parte de suas “gracinhas” e suas conquistas, como o primeiro xixi no peniquinho. É... foi ontem! Aconteceu e eu não vi, perdi essa conquista dela! Mas me consolo, afinal é tudo por ela, e a vida é assim, dura mais cheia de graça. Tenho saúde e força de vontade para trabalhar, um emprego, um lar, um teto sobre minha cabeça, um cobertor para me aquecer (inclusive um cobertor de orelha. Rs), uma família linda que me apoia e me ama, um marido que me ajuda e me apoia em tudo e uma filha que é o presente mais preciso que eu já recebi. Precisa mais?
Mas hoje confesso, o coração ficou bem mais apertado e abatido! O dia começou diferente, senti pela primeira vez o coração mais apertado do que de costume, e ao mesmo tempo senti um orgulho imenso dentro de mim, pois senti a certeza de que estou fazendo o melhor pela minha filha, e estou trilhando o caminho certo na sua criação. Manuela é uma criança espetacular obediente, serena, ativa, esperta, e muito inteligente. Raros os momentos de “crises”, sim porque eles existem e acontecem lá em casa.
Ela quase nunca fica doente, se pegou um ou dois resfriados mais fortes foi muito. Nunca tomou antibióticos... NUNCA! É uma criança absolutamente saudável e comportada. E hoje notei mais uma qualidade nela, a compreensão. Eis que essa compreensão foi o motivo de que lágrimas rolassem pelo meu rosto de orgulho e de aperto no peito também.
Hoje de manhã, acordei para ir trabalhar, tomei meu banho como de costume, e Manuela, permaneceu na nossa cama compartilhada dormindo. Me arrumei e fui para cozinha tomar café, quando me sentei ouvi aquela vozinha doce e “amassada” pelo sono me chamar: “Mamãe!” Prontamente, fui atende-la como sempre gostei de fazer desde que nasceu, atende-la no primeiro instante que ela me requisitava. Quando cheguei ao quarto, lá estava ela, sentadinha sobre a cama, descabelada e linda, esfregando os olhinhos verdes, ainda inchados da tranquila noite de sono que tivera!
Cheguei e disse a ela: “Bom dia filha...” E ela, muito tagarela, já uma expert em palavras novas, ao auge dos seus 17 meses, respondeu: “Bom dia!” do jeito dela é claro. Me olhou com aquele olhar faceiro cheio de vida e brilhante, sorriu, deitou no travesseiro e me disse: “Maemãeni vem qui, deita!” (explico: mãeni é uma forma carinhosa que ela me apelidou, e as vezes ela usa esse mãeni para me chamar, e eu confesso que amo). Olhei para ela com o coração já apertado e disse: “Filha mamãe não pode deitar agora, preciso trabalhar! Vem, vamos tomar café com a mamãe.” - Tomar café em família é quase que uma regra para nós, virou uma rotina deliciosa, e sempre que Manu acorda conosco fazemos esse ritual, nos sentamos à mesa e tomamos café da manhã juntos, conversamos e nos amamos da forma mais natural e singela que pode haver no mundo inteiro.
Manu, não se contentou com minha explicação, e replicou: “Mamãe, deita... tetê!” Sim, ela queria o tetê, o tão amado tetê da mamãe – sim eu ainda a amamento com leite materno, e não, não tenho a menor intenção de parar de amamenta-la por enquanto, porque para mim, esse é o melhor momento para amar integralmente, o momento em que me aconchego com ela nos braços, e abraçadas nos doamos uma a outra de forma sincera, inerente, sem barreiras, sem limites, sem reservas, sem preconceitos, nos entregando à forma mais pura de amor! – Eu expliquei a ela já com o coração doendo: “Filha, já já você mama o tetê, vamos tomar café com a mamãe vem! Mais tarde quando a mamãe chegar a gente deita tá bom?” Ela? Simplesmente respondeu: “Tá bom”, levantou-se, e veio para o meu colo, sorrindo, tranquila, numa obediência irrepreensível, numa serenidade inimaginável, num ato de compreensão e “compaixão” inigualável, um adulto não seria tão entregue a sua compreensão como ela foi! Como se compreendesse tudo que se passa ao seu redor, que eu preciso trabalhar para ajudar nas contas da casa, para garantir a ela uma qualidade de vida, para termos nossa casa própria, e certamente ela compreende! Eu sei que compreende!
Naquela atitude ingênua e totalmente “involuntária”, parecia ter percebido meu sofrimento de não poder deitar com ela naquele momento, e de ter que deixa-la aos cuidados da avó todos os dias de manhã, e estava me dizendo: “Tudo bem então mamãe, eu vou com você não tem problema. Tá tudo bem!”
E foi nessa hora que não contive as lágrimas e a primeira rolou! Que vontade senti de me jogar naquela cama, abraça-la e ficar lá dando a ela o seu “tetê”, até que ela resolvesse finalmente despertar e levantar para brincar. Que vontade estar com ela o dia todo sem horários nos limitando, sem o tempo para nos atrapalhar. Naquele momento eu percebi como é importante doar a minha filha qualquer segundo do meu tempo que seja, para ela é importante, é necessário, é suficiente. Eu percebi que eu tenho um tesouro em forma humana dentro da minha casa, a minha filha me mostrava naquele ato tão simples o quanto é importante a compreensão, o quanto é de dever do ser humano a compaixão ao próximo, o quanto torna nosso dia mais simples se formos compreensivos com os problemas e regras dos outros!
Ela me encheu de orgulho, porque ela em sua simplicidade me mostrou que é humana, é compreensiva, e acima de tudo, me mostrou que amá-la de forma incondicional usando meu instinto e meu amor acima de qualquer achismo ou opinião alheia, não permitindo algumas coisas com ela, tem feito dela um ser humano simples, que compreende regras e limites. Dar a ela a oportunidade de dormir conosco, de mamar no seio materno até quando ela se sentir confortável com isso, não é criar uma criança mimada e dependente como a sociedade julga, é simplesmente mostrar a ela que a forma mais pura e verdadeira de viver é amando ao próximo sempre, sem reservas, sem preconceitos, com carinho e compreensão!
Sei que talvez tudo isso pareça um exagero, um clichê ou uma bobagem materna qualquer, mas eu de fato me senti orgulhosa, embora com o coração em pedaços, porque a minha filha me ensina mais do que eu ensino ela, e desde bem pequena já demonstra ser um ser humano, humano!
Ser mãe exige renuncias demasiadas para a nossa vida pessoal, mais do que se possa imaginar, e muitas vezes essas renúncias parecem penosas demais. Mas não há renúncia pior, mais dolorosa, mais triste para uma mãe do que a de ter que renunciar ao seu tempo com o filho, a renúncia de estar com ele, e ter que dispensar seu tempo com outra coisa longe dele, ainda mais quando essa renúncia nos é imposta de forma ditatorial, sem alternativas, sem chance de escolhas.
Eu amo ser mãe, e a maternidade me completa, com todas as suas dificuldades e obstáculos. A graça que ela me traz, compensa qualquer barreira que eu tenha que enfrentar. A maternidade me representa.
“A maternidade é um estado de graça, em que a mulher encontra-se no seu mais alto nível de entrega, e encontra dentro de si o único amor que nem mesmo ela consegue explicar ou entender.”

sábado, 8 de novembro de 2014

Desabafos de uma vida materna

Ela é mãe. E uma mãe exausta como grande parte de nós. Mas acontece que as vezes nos sentimos culpadas por essa exaustão. Por sentirmos esse desejo de ter um dia só pra nós, e não falamos, não desabafamos. É importante saber que isso é normal. Toda mãe precisa de um dia no salão de beleza, de um dia pra tomar um banho relaxante, pra ir ao banheiro tranquilamente, para sair para conversar sem criança chamando e pedindo atenção. Isso não significa que não gostemos de ser mães. Isso significa que ser mãe também é ser humana, ser mulher, e precisa de um tempo "só".
Essa necessidade às vezes nos sufoca, e nós a negligenciamos por culpa, por acharmos que não temos direito à um descanso às vezes. Mas isso não nos faz bem. É importante que de vez em quando, deixemos nossos filhos com alguém em quem confiamos, para que possamos sair com o parceiro, ou dar uma passada no salão, respirar um ar sem cheiro de leite e de fraudas. Rs... Isso também faz parte da vida! Não precisa se culpar. É bom, e ajuda muito. Melhora autoestima, e até o humor.
O desabafo abaixo, é de uma amiga muito querida, que esgotada, desabafou com o parceiro depois dele ter reclamado do quarto que estava com a cama por fazer...
Nós não estamos sozinhas! Nós somos todas mães apaixonadas, mas que também ficam exaustas às vezes.
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Sabe amor... estava pensando que você tem razão. 
Realmente bate um "Tédio" quando entramos em casa e vemos bagunça pra todo lado...
Mas acho que você não devia levar isso em consideração, afinal, poderia ser muito pior ! 
Tente imaginar como é não saber o momento em que seu dia acaba ou em que momento ele começa. É assim que eu me sinto todos os dias. Especialmente nas semanas em que nosso filho adoece, como hoje, e eu não consigo dormir nem duas horas seguidas. 
Se a noite é turbulenta o dia é muito pior. Sabe aquele velho ditado em que diz: Nadei, nadei, nadei e morri na praia? É assim que eu me sinto, pois passo o dia inteiro, cada hora, cada minuto, juntando brinquedos espelhados pela casa, limpando restos de comidas que se espalham pelo chão, trocando fraldas intermináveis e lavando rios de xixi de cachorro que se espalham pelo quintal. E sempre que entro em um comodo diferente sinto muito TÉDIO, por que lá esta toda a bagunça novamente. Às vezes não me irrito por que a pessoa que bagunçou tudo aquilo solta um sorriso e fala: "Olha o que eu fiz mamãe, vem brinca com eu", sim, eu me permito sentar ao lado dele e "perder alguns minutos" brincando com nosso filho. 
Imagine só se você passasse uma hora e meia no fogão cozinhando nesse calor? E imagine perder mais uma hora tentando alimentar alguém que recusa a comida que você fez com tanto carinho. Eu dou costas para as birras e choros e volto para a cozinha, afinal, preciso limpar tudo que sujei e muitas vezes fazer outra opção de comida para a alimentação do nosso filho... e sujo tudo de novo, muitas e muitas vezes durante o dia. Nem consigo contar.
Depois de chegar e ver a sala completamente revirada pela enésima vez,  recolho os brinquedos ouvindo os gritos insistentes de uma criança que quer que eu deixe  tudo como está e não aceita ajudar a recolher nada. 
Paro tudo que estou fazendo e vou dar banho, fazer mamadeira e fazer ele dormir. Sempre com muito choro! Muito Stress e muita birra. Sempre!!!
Fico com sono, raríssimas vezes me permito dormir com ele por algumas horas. Quando o cansaço físico é insuportável. Mas geralmente, preciso levantar, lavar roupas, passar, estudar, fazer meus trabalhos da faculdade e algumas tarefas que são impossíveis fazer com ele acordado. 
E o engraçado é que mesmo assim ele me chama a cada 10 minutos, e eu nunca consigo me concentrar em nada, muito menos concluir uma tarefa ou um raciocínio.
Depois disso a saga da alimentação recomeça, a bagunça recomeça, a louça recomeça... todo o trabalho recomeça. Dar frutinha, trocar, limpar, fazer suco, limpar de novo, recolher as roupas da gaveta que ele jogou no chão, gastar uma hora tentando fazer ele te obedecer e ajudar a recolher...e bla bla bla. 
Fora isso, estou entrando em semana de provas na faculdade, minha irmã vai se casar e eu estou ajudando a organizar o chá e a despedida de solteira, é um dever como irmã além de ser um prazer, mas está tudo muito corrido, afinal, o é daqui um mês.
Passo o dia desejando alguns momentos sozinhos, sem nada para fazer, só para esticar os pés e olhar pro nada e não fazer nada. Ou até mesmo para usar o banheiro em paz, sem ninguém chamando, chorando, entrando e me pedindo coisas. 
Muitas e muitas vezes só me resta as noites depois que você chega (e pode olhar nosso filho) para limpar melhor algumas coisas e concluir as tarefas que passei o dia inteiro tentando fazer. Às vezes bate um TÉDIO quando te vejo sentado, no "fim do seu expediente" enquanto eu passo pra lá e pra cá limpando a casa e você "NEM TCHUNS". Sempre fazendo algumas coisas que você fez hoje e não gostou, pois são muito chatas, mas que se você fizesse me ajudaria muito mais. (Colocar as roupas sujas no cesto, recolher copos e mamadeiras da sala e do quarto, tirar suas roupas de cima do sofá...)
Por fim, às vezes eu gostaria de saber qual é o fim do meu expediente e qual o começo. Acho que não tem. 
Tem algo mais entediante que isso? Acho que sim...  Trabalhar o dia todo e ouvir seu marido chegar em casa emburrado pela bagunça é muito, muito mais chato e "entediante"
Te amo mesmo assim

terça-feira, 28 de outubro de 2014

Rala povo brasileiro... Rala!

E a mamãe pensante andou pensando em política...

Que me desculpem os sociólogos, historiadores, filósofos, mas eu não estou presa ao passado Psdbista, e não pude julgar o candidato derrotado por mínima diferença, diga-se de passagem, pelas mazelas antepassadas do partido ou pelo histórico de maus feitos de FHC. São pessoas diferentes, são épocas diferentes. E eu não voto em partido, eu voto em possibilidade de mudança, mesmo que ela seja apenas uma remota sugestão utópica. Nem de longe o candidato tucano era o candidato ideal, mas uma alternância de poder a essa altura, seria bem vinda.

 Eu vivo num presente, e nesse presente me preocupa mais o parecer dos economistas do que dos filósofos e historiadores. Podem me chamar de umbiguista, individualista, de capitalista radical, de reacionária neoliberalista e de sei lá mais o que, eu estou sim muito preocupada com a nossa economia, porque isso tem refletido diretamente na indústria, e é numa indústria, que eu trabalho e garanto o sustento da minha família. E eu tenho visto esta mesma indústria à beira de um colapso há alguns anos. Eu nunca pude contar com assistencialismo de governo. O governo me colocou numa posição de “classe média”, e eu ainda estou buscando uma coerência lógica para essa colocação, porque definitivamente minha situação financeira não me eleva a esse patamar desejado por tantos, e odiado por outros.

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Marilena Chauí que o diga! Ela que me desculpe, mas eu não tenho absolutamente nada contra a classe média. Quisera eu fazer parte de forma absoluta dessa classe que movimenta 58% da economia desse país. Ao contrário disto, eu precisei financiar meu apartamento numa instituição financeira para ter uma casa própria, não consigo fazer viagens interessantes nas férias, não tenho um carro do ano, e longe de conseguir consumir tudo que desejo, eu consumo o essencial à minha sobrevivência, para manter um mínimo de dignidade.

Logo Marilena, essa senhora bem vestida de nome conceituado e discursos emocionantes, logo ela, parte integrante desta parcela da população brasileira, vem dizer que odeia a classe média? Esse discurso marxista furioso não me convence. Suas palavras revelam apenas uma fração do que ela sente por nós. Aliás, se ela quer combater o preconceito, e as abominações cognitivas as quais ela se refere, é melhor que ela se “localize”, pois ela a meu ver está se incluindo como tal abominação. Preconceito é preconceito minha gente, e o que Marilena Chauí declarou em seu discurso de “emoções inflamadas” na comemoração dos 10 anos de governo PT, nada mais foi do que PRECONCEITO.

Mas os seus seguidores são muitos, longe de compreenderem a incitação de ódio e discriminação da professora, eles a defendem com a “desculpa” de compreenderem o que ela quis dizer. Sinto muito, mas eu não compreendo! Fui obrigada a ler que “o povo está se achando classe média só pra se sentir importante”. Oi? Não minha gente. O povo só está “aceitando” e muito a contragosto, a colocação que o próprio governo lhe impôs. Se é coerente, não importa, o governo é quem dita as regras, né? O governo, que deveria governar para todos, está preocupado com estatísticas de classes sociais, isso lhes garante algum prestígio diante de perspectivas comparativas, ao que parece, e só. E se na concepção deles nós somos classe média, mesmo que não tenhamos uma renda suficiente para nos dar uma condição de vida financeira estável de classe média, então, indignados nos submetemos a isso, não há muito que se fazer. Até porque, a minha avó que sobrevive com um salário mínimo, que não tem nem TV a cabo e nem internet, e que ajudo mensalmente com cesta básica, ela, segundo a “contagem” do governo PT, é classe média. Que lógica isso tem? Eu digo que nenhuma. Mas vamos ser felizes e juntar as migalhas que nem sobram para quem sabe um dia fazermos uma viagem para o exterior. O governo jura que podemos. Eu ainda estou em dúvida.


Independente de me achar ou de ser obrigada a engolir tal classificação, porque definitivamente não acho mesmo que eu me enquadre nesses números equivocados, eu não engoli foi o discurso furioso da professora de filosofia petista. Porque claramente ela se referia a uma parcela da população, que raciocina e que rala muito, e vota com a cabeça e não com o estômago, e se orgulha disso, mesmo estando longe de ser classe média. O problema dela com essa tal classe média, aliás, deve ser esse orgulho pelo suor derramado em suas conquistas.

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Nenhum discurso de ódio me convence. Discurso de ódio e intolerância me dá nojo e eu repudio qualquer tipo de preconceito. E o que a professora fez nada mais foi do que declarar preconceito à classe média. E cá entre nós, que diferença há entre esse tipo de ódio com o que temos visto rede social a fora no que diz respeito à divisão clara de “preferências e ideologias políticas”? Preconceito é preconceito. Ódio é ódio. Qualquer que seja o discurso que envolva ódio e preconceito merece repúdio. Simples assim.

Marilena se esvaiu em seu discurso medonho, sem muito argumento, mais cheia de ódio e intolerância, ela surtou. Perdeu o limite do bom senso, e se há alguma abominação cognitiva aqui, esse alguém é ela, porque ela foi ignorante. E ela foi a estupidez, a arrogância, a petulância e a ignorância reunidas num só discurso, numa só pessoa.

Como gosto de repetir o meu discurso bordão: Não se combate preconceito com mais preconceito. Não se combate ódio com mais ódio, violência com violência. Marilena Chauí perdeu a razão. FIM!

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Se ela queria convencer alguém sobre como a classe média brasileira é medíocre, ela só conseguiu convencer a classe média e a classe que o governo diz que é média, de que “intelectuais acadêmicos” também sabem ser ignorantes e medíocres, tanto quanto ou até mais aos que ela repudia e chama de aberração e terrorista. Vestida com um terninho aparentemente de grife, ela perdeu os argumentos e se afundou em ofensas vazias num discurso raso. E fora aplaudida com honras, por ninguém menos que Lula, o PTista pai, que enquanto Marilena destilava seu ódio com palavreados mal colocados, embora bem discursadas, ria-se em deboche. (E esse houvera sido um dia, o herói da minha infância visto pelos olhos vislumbrados do meu pai! Ledo engano o meu.)

Eu que não tenho essa “sensibilidade filosófica” dos acadêmicos sociólogos e historiadores para ver o nosso atual modelo de governo como uma coisa boa, (muito embora veja suas grandes conquistas sem lhes tirar o mérito) e nem essa melancolia inflamada que incita ódio como o da Sra. Marilena, vou tentando seguir em frente a passos curtos, em busca da minha colocação coerente na classe média, já que hoje ela é fictícia. Dados estatísticos ainda não pagam as minhas contas, ainda não me permitem viajar quando desejo, e ainda não me pagam férias em Miami.

E se por um lado, a minha indignação com o discurso de ódio da professora Marilena contra a classe média, me corroeu os neurônios, por outro lado, esse discurso me fez refletir em como as pessoas tem vivido aprisionadas a ideologias, e tem se usado delas para defender um partido corrupto. Essas eleições trouxeram à tona até mesmo as malfeitorias de FHC, como se Aécio Neves fosse a projeção da continuidade de um governo já superado e deixado para trás. Até esse vídeo da Marilena, gravado em 2013, foi tirado do fundo “mais raso” do baú como tentativa desesperada de “cancelar” intensão de votos de simpatizantes do governo PTista (como se isso fosse possível). Não funcionou. Funcionou melhor o terrorismo dos militantes depredando a editora Abril e coagindo o galera do bolsa família dizendo que eles perderiam o auxílio se a oposição ganhasse as eleições. Deu certo!

O fato é, que até pouco antes das manifestações de 2013, eu não tinha uma visão política muito bem definida. Eu tinha certa bronca do PT por ouvir em sua hierarquia organizacional nomes como José Dirceu, Delúbio Soares e José Genoíno.

Eleições passadas, fim das brigas em rede social, ou não, a minha visão política não muito polida, e cheia de alguns alavancos e desencontros, foi se desenhando e se definindo. Eu, pela vivência sofrida, pela história de vida, pelas conquistas suadas, compreendi que na minha filosofia não cabe socialismo. Eu não me identifico com ele. Infelizmente. Ou não! PT não me representa. Não mais.

Insatisfeita com o resultado dessas eleições, por questões óbvias, eu sigo a caminhada vendo os cofres públicos serem saqueados com a permissão de 51% dos brasileiros, sendo que 21% se abstiveram da responsabilidade de cobrar que os ladrões sejam punidos. Sigo vendo José Dirceu e José Genoíno aclamados como heróis pelo PT, e ainda por cima, tendo suas penas reduzidas. Tenho pena de Joaquim Barbosa, trabalho duro, condenações quase históricas reduzidas a “pó”.

Seguirei indignada, ao me lembrar de que o governo deixou de recolher mais de 1,1 bilhão de reais em impostos da FIFA na realização da copa desse ano, perdoou dívidas de países africanos, financiou porto e aeroportos em Cuba, metrô na Venezuela, e nós continuamos com saúde e educação sucateados. Nossos metrôs e portos então, nem se fala. A indignação permanecerá, quando os noticiários falarem no escândalo da Petrobrás, e em seus evolvidos: nomeados pelo governo e integrantes deste partido. A minha indignação com os meus irmãos conterrâneos seguirá quando os culpados forem condenados (e eu espero que seja logo), e a presidente eleita por eles, seguir com seu discurso passivo e permissivo, se isentando de qualquer responsabilidade a respeito dessas situações. Pior, se abstendo do dever de dizer o que pensa a respeito de pessoas como José Dirceu. E eu repito, eu vivo o presente, e este presente é “doído”, carregado de corrupção e escândalos. Um dia isso será história, será que os historiadores e filósofos irão se atualizar e lembrarão isso?

Seguirei indignada, pela complacência brasileira, pela ausência de coerência nas urnas em contraste com o que vimos nas ruas (e eu falo também com relação ao governo do estado. Alckmin de novo?). O rosto desses brasileiros que vaiaram nos estádios, diante dos olhos do mundo inteiro, a então presidente, que saíram as ruas em manifestações, agora não tem mais forma diante dos meus olhos. Esses rostos se apagaram, e não apenas da minha memória, mas do peso histórico que as manifestações teriam, se tivessem sido levadas a sério. O Gigante não acordou meus amigos, mas dorme em berço esplêndido. O dissabor desse lamentável desfecho das eleições foi surpreendentemente o de luto, não por incompetência de um governo de conquistas reconhecidamente absolutas, mas pela sujeira que se vê nas notícias mais recentes sobre corrupção. O país veio à falência de seu estado de graça, onde “verás que um filho não foge à luta”, mas morreu afogado às “margens plácidas do Ipiranga”. Não foi impávido embora belo! O povo dormiu num importante momento de sua história como nação democrática. Votou pela necessidade e não pelo amor à pátria. Votou pelo passado e não pelo presente.

Longe de mim, falar contra os pressupostos desse governo ou de qualquer tipo de assistencialismo, acreditando eu que, essas são conquistas importantes da sociedade, ganhos sociais que governante nenhum deve botar a mão. Eu tenho que dizer que embora eu reconheça todo potencial dos auxílios sociais como arma importante para tirar brasileiros da miséria extrema em situações emergenciais, sigo, com aquele gosto amargo de que isso limita (ou escraviza) grande parte da população a permanecer no escuro e votar pelo medo de perder o que lhe garante sustento. Esses que em grande parte são inclusive desprovidos de informação, e provavelmente não estão cientes do que acontece nesse país. Alguém já perguntou para algum deles sobre o escândalo na Petrobrás? Sobre mensalão? Sobre nomes como José Dirceu? Se eles sabem, ignoram. O que deve ser pior. Enfim, sigo acreditando que um dia essa realidade irá mudar. Eu preciso acreditar nisso, é o que me resta agora.

Eu não consigo me limitar a olhar esse país pelos olhos dos acadêmicos de ideologias socialistas brilhantes, por mais que às vezes eles pareçam ter razão. E eu respeito muito esse ponto de vista. Mas hoje eu só consigo perceber, que enquanto um governo governar só para os “pobres”, a classe trabalhadora é “ameaçada”. Eu só consigo enxergar o que afeta aquilo que garante o sustento de milhões de brasileiros, trabalhadores: o emprego. Esses estão ameaçados se a economia continuar como está. E essa é uma vertente importante a ser considerada num governo. Não vamos tapar o sol com a peneira, essa é uma parcela importante da população.

Eu só espero de coração que a presidente reeleita faça jus à frase: “Brasil, um país de todos”, e passe a governar também pela classe média, e pelos que ralam tentando uma colocação descente na tal classe, já que o governo sem muita coerência insiste em coloca-los lá. Eu só posso desejar sorte à presidente e a nós, porque estamos mesmo entregues à própria sorte.

Aos historiadores, eu digo que têm meu respeito eminente a essa visão incrível, esse peso enorme de acadêmico que estudou para conhecer o passado e as origens, e compreendo que essa carga histórica, poderia sim refletir de algum modo, inclusive negativo, no governo de determinado partido. Porém não dá pra viver preso ao passado, eu vivo num presente, duro presente, e esse me diz que é mais grave o que tem acontecido hoje, porque isso reflete diretamente na situação atual do país. Essa história a que se referem, é uma lembrança amarga do que aconteceu no passado, que já foi superado (espero). Vivo o presente, e seja o que Deus quiser.

Aos filósofos e sociólogos petistas eu digo: Não sou acadêmica e voto por vivência, pelo que vejo pelo que pondero, e não apenas por ideologia.

Aos demais, eu digo: Rala povo brasileiro... Aquele que não tem bolsa social tem que ralar pra viver!

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