E vamos ao desabafo do dia, do
ano, do mês e da vida. Desabafo constante e de 99,9% das mães, diga-se de
passagem. Eu ando perdendo a "linha" com frequência. E com frequência me pego irritada com as adversidades "externas" no universo materno. Isso porque, as pessoas insistem em me dizer como devo me portar como mãe, e como deve funcionar a educação que ofereço à minha filha, aquela cujo carreguei no ventre por longos nove meses, e pari depois de 9 horas e meia em trabalho de parto.
Depois que me tornei mãe, eu
descobri que o palpite não solicitado pode ser ainda mais irritante e
desagradável do que supunha minha vã filosofia. Eu sempre achei muito chato
essas situações em que as pessoas insistem em lhe dizer o que fazer, mesmo que
você não tenha perguntado. Eu mesma já me peguei fazendo isso. Nós seres
humanos, “homo sapiens”, que perdemos o sapiens no meio do caminho, nos
esquecemos de sermos sábios, e adquirimos essa mania insuportável de achar que o
que é bom pra nós, é bom pro outro. Mas acontece que não é assim que funcionam
as coisas, uma vez que somos seres dotados de uma individualidade indiscutível,
e isso é absolutamente visível. Até mesmo nos seres que mais são parecidos na
questão comportamental e temperamental, até mesmo esses tem suas divergências
de ideias e ideais. Isso é que torna o outro interessante. Isso é que faz do
mundo um lugar habitável. Se todos nós fossemos iguais, e vivêssemos exatamente
da mesma maneira, creio eu, que a espécie já teria se extinguido. (reflexão
“retórica” sem contexto fundamental. Rs).
Enfim... Mas depois que me tornei
mãe, essas diferenças e particularidades foram evidenciadas, e saltaram aos
meus olhos: “Como posso eu, sendo mãe, pensar tão diferente de outras tantas mães, que são
mães, como eu sou mãe. Como pode isso?” E pode! Isso é absolutamente normal, e
totalmente aceitável. Mas tem pessoas que não compreendem isso, e insistem em,
como vou dizer? Usemos um ditado popular: Insistem em meter o bedelho (pausa
para uma reflexão: o que seria bedelho?) onde não foram chamadas. Sim, isso
mesmo... NÃO FORAM CHAMADAS.
Mas, como conselho que é “bom”
(talvez, quem sabe... só que não!) não se vende, é dado de graça, mesmo que sem
graça e sem ser solicitado, lá vem o conselho a galope, posso ouvir o “pocotó”
na estrada, ele vem e... ATROPELA A POBRE MÃE! (Quantas vezes eu fui atropelada
por conselhos e fiz coisas aconselhadas das quais me arrependi depois). Conselho
bom é aquele que é solicitado, do contrário é só palpite, pitaco que irrita e
incomoda e que é inconveniente, e muito, ainda mais se for dado à uma mãe.
Gente, pitaco IRRITA! E é chato pra caramba, entende?
Sejamos coerentes, mãe é mãe, e
costuma conhecer a sua cria. E se ela acha que não está conseguindo, ela
procura alguém em quem confia e pergunta. Sim, mães não são “super”, não sabem
de tudo, e sim, elas perguntam quando precisam. Eu pergunto! Pra minha mãe, pra
minha avó, pra minha sogra, pra uma amiga “mãe” em quem confie, e por aí vai.
Não tenho vergonha de sentir uma insegurança que é comum na maternidade, e
perguntar. Prefiro conferir se meus instintos não estão falhando, e se o
instinto diz: “pergunte”, eu vou lá e pergunto, ué! Nem que seja pro Google, eu
pergunto e pronto! Sinto-me bem assim, e faço aquilo que me foi aconselhado,
se... Se me parecer coerente e conveniente. Simples assim.
Mas não consigo conceber a ideia
de que o fato da minha filha de dois anos, ainda ser amamentada com leite
materno, possa ser tão problemático para as pessoas ao redor, ao ponto de virem me
dizer constantemente que preciso tirar ela do peito. (oi? Quando foi mesmo que
o meu peito virou domínio público?) Isso mesmo! Ela tem 2 anos, 24 meses de
pura gostosura e esbanjando saúde, graças a Deus e.. AO LEITE MATERNO! E não!
Não vou tirar ela do “tetê” agora, não está nos nossos planos (meu, dela e do
papai. Isso, do papai, porque ele participa das nossas decisões), nós não
estamos prontas, mamar no peito não nos faz mal, me sinto bem e segura com essa
decisão, e não... EU NÃO PEDI PALPITE DE NINGUÉM sobre a “potência” e valores
nutritivos do meu leite, que supostamente virou água, e não... EU NÃO PERGUNTEI
quando foi que ele virou água, e nem em que momento amamentar que era uma coisa
linda e saudável, se tornou uma coisa feia e despudorada só porque a minha
“pequena grande Bebê” tenha repentinamente se tornado uma adolescente
problemática e mal acostumada aos DOIS anos de idade. (Oi?)

Não!!! Ela não vai mamar ou
dormir conosco até os 15 anos. Eu pelo menos não conheço nenhum adolescente que
mame no peito da mãe, ou queira dormir no meio dos pais. Alguém conhece? Eu
nunca ouvi relatos de adultos problemáticos, por traumas de infância por terem
sido amamentados por um período prolongado, por terem dividido a cama com os pais, ou por terem recebido muito amor.
Um dia a independência vai chegar, Manuela vai bater suas asas e voar, e nós (eu e o papai coruja) poderemos
nos arrepender por não ter aproveitado esse momento em que podemos dar muito colo, e
aninhá-la em nosso colchão. Porque os filhos crescem, e voam, e nós ficamos no
solo, admirando seu voo, com a sensação de termos feito todo o melhor por eles
(ou não!). E para mim hoje, oferecer meu leite materno e a cama compartilhada,
juntamente de uma alimentação saudável com restrição de açucares, gordura e guloseimas
desnecessárias, me parece ser a alternativa mais assertiva. Se não é, não diz
respeito a ninguém, que não sejamos nós: mamãe, papai e Manuela.
Eu também não compreendo qual é a
pressa de desfraldar o filho dos outros. Manuela que ao auge de seus 24 lindos
meses de vida, já passa pelo processo gradativo de desfralde, naturalmente, sem
pressão, sem pressa e sem traumas, quase totalmente “desfraldada” há seu tempo,
pedindo pra fazer xixi na “pivada” e cocô na “falda”, não está com nenhum
problema de desenvolvimento, pelo menos a meu ver. Não dá pra compreender
porque querem desfraldar um bebê tão cedo. E vêm os pitacos de todos os lados:
“Mas você não tirou a fralda ainda?” E se bobear ordens: “A partir de amanhã
deixa ela sem fralda o dia inteiro! Ela precisa sair das fraldas”. É o que
hein? Quem tem que decidir isso é ela, com a minha ajuda, e quando ela estiver
pronta, eu vou saber porque gestei, pari e tenho criado e amado ela todos os das há 2 anos e aproximadamente 9 meses, desde que me vi grávida. E o desfralde vai
acontecer no tempo dela, na hora dela, e não na hora do... Vizinho?
“E a escola? Ela não vai pra
escola ainda? Ela precisa ter convívio social, precisa aprender a dividir!”
E
ela não sabe? Quem disse?
Manuela é uma criança super
saudável, raramente fica doente, nunca tomou antibióticos, e também não toma
refrigerantes, quase não come frituras ou doces (se dependesse só de mim, não
comeria nunca, mas... rs). É uma criança absolutamente sociável, comunicativa,
brinca com outras crianças sempre, divide seus brinquedos, conversa até pelos
cotovelos. Ela come muito bem, frutas, legumes, e o que oferecer a ela. Não
vejo porque coloca-la na escola tão cedo, se a avó pode ficar com ela enquanto
preciso trabalhar. Não vejo porque forçar um desfralde precoce se sabemos que
cada pessoa tem seu próprio tempo pra tudo na vida. Não vejo motivos para
interromper a amamentação se a recomendação do ministério da saúde é de que se
amamente até dois anos ou mais, e se isso não interfere no convívio social e na
alimentação dela.
Assim como ainda tento
compreender onde foi que eu errei quando decidi parir! É... eu pari! Mas
segunda a sabedoria popular, coloquei a vida da minha filha em risco, já que...
Parto normal mata (?). Mata? Eu realmente não sabia! Aliás... Manuela está aí
viva, super bem e saudável para contar história e dizer que PARTO NORMAL NÃO MATA NÃO
SENHORA!
Porque a nossa sociedade moderna,
corrompida pela “tecnocratização” deseja tão arduamente que venhamos a
corresponder suas expectativas no que diz respeito a “criar um ser humano”?
Tendo que, para isso oferecer sucos e alimentos sólidos, antes dos seis meses, usar
só fraldas descartáveis, e consumir produtos industrializados, bolachas e
“Danoninho” tão cedo? Porque a sociedade acha que temos que criar seres humanos
nos baseando na “modernidade” e no que há de mais recente de tecnologia? Porque
a sociedade vê num ato fisiológico como o parto “um risco” e um atentado à
vida? Porque a sociedade reprime a amamentação acima dos 12 meses? Porque a
sociedade julga e impõe regras tão rígidas para criar um ser humano que
sabemos, é um individuo e tem de ser respeitado em sua individualidade? E
principalmente porque a sociedade acha que pode interferir na forma de agir das
pessoas que agem diferente da maioria?
Eu compreendo que haja uma
necessidade de repassar conhecimentos, mas temos todos que compreender que o
conhecimento adquirido de forma espontânea tem maior valor. Quando o
conhecimento é passado de forma arbitrária, torna-se ditador e preconceituoso. Quando é passado em forma de "pitaco" torna-se chato e desnecessário.
Romper as barreiras que a
sociedade impõe sem perder a linha, tendo jogo de cintura e muito bom humor,
não é fácil, mas garanto que é o caminho mais fácil a trilhar. Use cara de
alface com sorriso amarelo sempre que necessário, e siga feliz. Quem decide o que é melhor para um filho, continua sendo a mãe.
O intuito dessa mensagem é
mostrar quão desagradável é se intrometer na vida do outro sem ser solicitado.
O quanto um pitaco pode ser “danoso” ao invés de instrutivo, e quanto muitas
vezes somos preconceituosos sem perceber, porque não “aceitamos” a opinião do
outro, e a julgamos errada, só porque fazemos diferente. Isso também é uma
forma de preconceito. A sociedade nos impõe regras, que não necessariamente estão corretas, e nem sempre elas
devem ser respeitadas. Usando do dito popular, nesse quesito de fato, regras
(impostas pela sociedade) foram feitas para serem quebradas
.
É sempre bom lembrar que, nem
sempre o que é bom pra gente é bom pro outro, e vice-versa. Impor à alguém algo
que julgamos correto, de forma à ofendê-lo e incomodá-lo não é legal.
Quer dar pitaco? Olhe-se no
espelho, no fundo dos seus olhos, e reflita... Tente se imaginar recebendo o
mesmo pitaco... e só então, se ainda assim se convencer de que está certo, vá
lá e dê o pitaco.
Eu não garanto resultados
magníficos, mas costuma funcionar.
Ótima tarde e um final de semana espetacular.